Garriga de Menezes

O imaginário infantil e o encantamento pela leitura

As brincadeiras de faz de conta fazem parte do universo infantil desde a infância. O escritor Marcel Postic relata que “a criança expressa seu imaginário primeiro pelo jogo, pelo gesto, pelo corpo, antes de usar o desenho, a pintura, a narração. Desde cedo, a criança encena com o objeto simbólico que é a boneca. Ela se envolve na situação, projeta seus dados afetivos. Adota papéis sociais que são pontos de referência: pais, professores, enfermeira”.

As crianças adoram se imaginar em situações diversas: mamãe ou papai na casinha de bonecas, personagens de contos infantis como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Príncipes, dinossauros, bruxas, cachorros, entre tantos outros. Segundo Postic, é pela atividade que a criança “se confronta com os outros, com o real, ao fazer descobertas, ao sentir alegrias e dores, ao viver apegos e conflitos”. Dessa forma, suas perguntas vão, paulatinamente, sendo respondidas e ela começa a tomar consciência de seu potencial e de seus limites. O autor ressalta que os enigmas persistem e que isso leva as crianças a procurar, imaginar, sonhar, “tendo como motor a vontade de conhecer, de dominar temores e angústias, ou de expressar emoções”. As histórias contadas possibilitam o alimento para o imaginário infantil e, por elas, a criança pode se expressar e captar significados de acordo com seus interesses.

A imaginação é sem limites

A possibilidade de alimentar o imaginário infantil está nos momentos das brincadeiras infantis, que devem ser valorizadas e exploradas, tanto em casa, quanto na escola. As conversas e os jogos também são ricos para que a criança não perca a possibilidade de sonhar com aquilo que ela gostaria de fazer e colocar-se em outra posição na brincadeira. Os contos infantis permitem explorar os fatos os fatos inusitados e os assustadores, como ter uma madrasta, se perder na floresta, não obedecer aos pais e contar mentiras. As crianças se imaginam nas histórias e se envolvem no momento. A forma de se narrar o conto também reflete na reação delas, que podem adorar a história e pedir para contar novamente ou se contentar com uma única vez. A voz com expressões para ressaltar movimentos ou ações, por exemplo, envolve a criança que parece estar hipnotizada.

A participação da família

É importante que a família escolha o melhor dia e horário para contar histórias e fazer os desdobramentos do momento do conto, o importante é a não obrigatoriedade de registro escrito. Segundo o historiador Roger Chartier, “deve-se voltar a atenção particularmente para as maneiras de ler que desapareceram em nosso mundo contemporâneo. Por exemplo, a leitura em voz alta, em sua dupla função: comunicar aos que não sabem decifrar, mas também cimentar as formas de sociabilidade imbricadas igualmente em símbolos de privacidade – a intimidade familiar, a convivência mundana, a convivência letrada”. Portanto, o fundamental é o momento proporcionado pela família e os laços que são criados.

Momentos de leitura no Garriga

No Garriga de Menezes, as crianças, ao longo das séries iniciais do Ensino Fundamental I, são estimuladas a descobrir os encantamentos da leitura por meio de projetos com os livros paradidáticos. Cada livro permite discussões variadas em sala, além disso, são realizadas rodas de leitura com o objetivo de proporcionar o encantamento pelo ouvir e contar histórias.

Para cada turma, há uma atividade diferente: os contos de fadas, as poesias, os livros biográficos, de cotidiano, entre outros. Os clássicos infantis também fazem parte do projeto.

A confecção de personagens em tamanhos reais é a uma das atividades preferidas dos pequenos e a possibilidade de levar os personagens para casa é outra grande atração do projeto. As atividades propõem que as crianças possam ser o personagem de algum livro paradidático trabalhado, seja o reizinho ou o pirata das palavras, como acontece com os alunos de 1º ano. Já para as turmas a partir do 3º ano, os paradidáticos são pensados para o desenvolvimento de projetos que permitem novas reflexões sobre ou planeta que vivemos, ou pessoas que transformaram suas histórias e ajudaram a mudar o mundo.

Assim, despertar a curiosidade pela leitura é a principal função dos projetos propostos aos alunos, que variam de acordo com a faixa etária. As atividades podem ir desde a leitura e discussão em sala de aula, até vídeos com informações sobre o assunto.

Projetos na biblioteca

Ao longo dos anos, percebemos o interesse por empréstimo na biblioteca, o que desenvolveu o projeto “Ciranda de Livros”. Nele, as turmas do 2º ao 4º ano do Ensino Fundamental escolhem dentre os diversos títulos, o livro que mais desperta interesse. Já as crianças do 5º ano do Ensino Fundamental participam escolhendo livros e vídeos na biblioteca dos clássicos universais. Só nessa iniciativa, contabilizamos a leitura de pelo menos doze livros no ano.

O propósito é gerar o encantamento pelo ato de ler, contar e mostrar para os colegas ideias e reflexões que os livros nos trazem. Postic alerta que “alimentar o imaginário da criança é desenvolver a função simbólica por meio de textos, de imagens e de sons”. A grande escritora Ana Maria Machado diz que “só descobrindo os livros pelos quais terão paixão, os autores que falarão por sua alma, é que os professores irão se sentir apóstolos da literatura, capazes de transmitir aos outros sua boa nova”. E, assim, se descobrindo como leitores e amantes do prazer de abrir novos tesouros e ilhas encantadas, professores e alunos vivem a maravilhosa magia que a leitura nos traz.

Por

Rosana Benatti Ferreira Pereira
Supervisora Pedagógica do E.F. I do Garriga de Menezes
Mestre em Educação – UCP

e Clarissa Cunha Mello
Supervisora Pedagógica do E.F. I do Garriga de Menezes
Fonoaudióloga

 

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